Meissen é uma cidade situada a 2h45 de ônibus de Berlim, próxima a Dresden, que permite um bate-volta muito tranquilo e agradável da capital alemã. Gastamos apenas um dia para andarmos por praticamente toda a cidade, que é pequena mas cheia de detalhes encantadores. Meissen é principalmente conhecida pelas porcelanas lindíssimas fabricadas no local. As peças de porcelana são famosas em todo mundo, recebendo encomendas para outras partes da Alemanha desde séculos atrás. Inclusive, algumas porcelanas feitas em Meissen estão decorando o Castelo Neuschwanstein, na Baviera, a pedido do antigo rei Ludwig II. E realmente há muitas lojas de porcelanas espalhadas pela cidade, com vitrines de deixarem o queixo caído.
A ideia de visitar Meissen surgiu com a vontade de conhecermos o castelo Siebeneichen, que é onde o bisavô do meu pai, o Dietrich, passou sua infância. Para quem não sabe, sou descendente de alemães, e o Dietrich nasceu em Glogau na então Prússia, no século XIX, onde hoje é uma região da Polônia. A maior parte dos meus parentes alemães foram militares, que é o caso do pai do Dietrich. E com isso, ele perdeu seu pai ainda criança em um treinamento de guerra, o que fez com que sua mãe, Editha, que estava grávida de uma menina fosse para Meissen criar os filhos longe de guerras e conflitos prussianos. Meissen, por sua vez, era a terra natal da família da Editha, o pai dela era General Saxão e dono do Castelo Siebeneichen. E foi ali, nesse castelo lindo, cercado por paisagens deslumbrantes e por uma calmaria incrível que Dietrich cresceu.
Porém, não teve como evitar e ele acabou indo servir o exército – não o Prussiano, pois a mãe o naturalizou Saxão, mas foi para o império Austro-Húngaro. Segundo relatos escritos da história da família Von Zastrow, Dietrich foi ferido na perna em uma batalha no norte da Itália. Ele ficou muito tempo com uma bala alojada que só foi removida por um médico especialista em Berlim. Cansado dessa realidade, ele viu uma oportunidade com o projeto de colonização lançado por Teófilo Otoni e pediu para ser transferido para a colônia de imigrantes alemães no norte de Minas Gerais – na Colônia Militar do Urucu. Ele seguiu a Companhia do Mucuri por várias cidades no norte do estado e se estabeleceu em Araçuaí, onde criou sua família, aposentou do exército e faleceu.
Chegando ao castelo Siebeneichen
Para chegar ao castelo Siebeneichen, saímos da estação Meissen Altstadt, de onde desembarcamos do trem vindo de Dresden, viramos à esquerda e seguimos por um caminho que nos obrigou a subirmos vários lances de escadas.
Parte antiga de Meissen
Após visitarmos o castelo voltamos a pé pelo mesmo caminho que fomos até ele, atravessamos por baixo novamente os trilhos do trem e seguimos para o outro lado da cidade, onde fica a parte antiga. Queríamos conhecer o centro histórico e visitarmos a igreja que é símbolo da cidade, e cujas lindas torres ficam visíveis em muitos pontos.
Descendo as mesmas escadas que subimos, fomos seguidos por dois gatinhos que vivem na casa vizinha. Eles ficavam pedindo carinho o tempo todo. Com isso, gostaria de chamar a atenção para os passeios feitos a pé. Além da caminhada ser boa para o corpo, nos possibilita reparar em coisas e detalhes que não conseguimos observar de dentro de um ônibus ou de um táxi. E são exatamente esses os detalhes que mais me encantam e que, na minha opinião, mais enriquecem uma viagem.
Passando para o outro lado, acabamos chegando às margens do rio que passa pela cidade e fizemos belas fotos da catedral gótica. Como fomos em Fevereiro, ou seja, no inverno, estava bastante frio com sensação de -20°C, e o rio contribui para a friagem. Sendo assim, passamos pela margem somente para tirarmos algumas fotos e seguimos para o interior da cidade. Achamos um pub muito confortável e bem decorado para almoçarmos (dica de onde comer em Meissen aqui), e logo em seguida fomos andando em direção à torre gótica da igreja.
Seguindo pela direita na praça saímos aos pés de uma escadaria que, ao subirmos, nos levou a um mirante da cidade. E o que mais encantou foi o caminho em si por ser medieval. A região existe desde os anos 1500 e guarda ruas estreitas, casas, escadas e pontes de pedra e tijolos vermelhos e muito cenário que incentiva a imaginação a trabalhar, levando o visitante a imaginar como seria a vida medieval por aquelas ruazinhas. Dá vontade de sentar por um bom tempo e somente admirar. Essa parte antiga da cidade realmente nos surpreendeu positivamente, foi além de nossas expectativas. Isso sem contar na quantidade de pousadas fofas e restaurantes charmosos. Para quem tem pouco tempo, um bate-volta é suficiente para conhecer a cidade, mas para quem tem mais tempo sugiro uma pernoite para curtir com calma as ruazinhas à noite, que devem ficar belíssimas.
Andando ali no alto da cidade mesmo, no lado oposto ao mirante, encontramos, enfim, a igreja gótica. Valeu muito a pena toda a caminhada e a subida de tantos degraus. Na verdade, o caminho em si até ela já fez valer a pena. A igreja fica em uma pequena vila, que hoje consiste em casinhas com lojas, restaurantes e hotéis. Há também um muro que se antes servia para proteção, hoje serve como moldura para a linda vista da cidade abaixo. Sugiro o visitante andar ao lado da igreja indo até o fim, onde pode-se ter uma vista incrível do rio e do outro lado da cidade. Como já foi dito, no inverno o frio castiga, mas ainda assim vale muito a pena o sacrifício para belas fotos e belas recordações de uma pequena cidade que só nos surpreendeu positivamente.
Assim que acabamos de descer as escadarias, já de volta à parte baixa da cidade nos vimos novamente na praça com comércios e restaurantes de onde iniciamos a subida rumo à igreja. Ao invés de retornarmos pelo mesmo caminho, pegamos uma outra rua e nos deparamos com mais restaurantes charmosos, mais detalhes e mais lugares lindos da cidade.
Como chegar a Meissen.
Decidimos ir para Meissen de ônibus com uma empresa chamada Flixbus. Os ônibus são novos e confortáveis, além de disponibilizarem internet para os passageiros. Mas não tem ônibus direto para Meissen, então tivemos que pegar o ônibus até Dresden, e de lá pegamos um trem regional para Meissen. Acabou que, depois, descobrimos que teria sido mais barato pegarmos o trem com a promoção Schönes Wochenende (Lindo fim de semana, em alemão), o que é recomendado também para grupos com até cinco pessoas. O trem para Meissen, que pegamos na estação central de Dresden, custou 19 euros para nós dois, incluindo o dia todo, a ida e a volta. É o cartão família.
- Saída do ônibus Flixbus: ZOB – Zentraler Omnibusbahnhof Berlim.
- Endereço: Messedamm, número 8.
- Tempo de viagem de Berlin para Dresden: em torno de 2 horas e 15 minutos.
- Preço das passagens até Dresden para duas pessoas: 33 euros, mas os preços podem variar.
- Local de descida em Dresden: Hauptbahnhof (estação central) de Dresden. Tem um ponto logo ao lado da estação central que o ônibus para.
- Passagens de trem regional para Meissen: Cartão família – 19 euros para duas pessoas, para o dia todo, ida e volta.
- Tempo de Dresden para Meissen: em torno de 35 minutos.
- Estação de desembarque em Meissen: Meissen Altstadt.
Dica de restaurante em Meissen
Crônica da viagem
Confira a crônica da viagem para Meissen aqui!
Vlog da viagem
Segue abaixo o vlog da viagem para Meissen para ilustrar o post. Espero que gostem e que se sintam inspirados para conhecerem essa linda cidade alemã tão próxima da capital Berlim!
Fernanda disse:
Que lugar encantador!!! Só casinhas e ruas lindas!!! Adorei também conhecer a história do nosso ascendente alemão, deve ter sido legal conhecer o seu castelo e imaginar que há muuitos anos, muito antes até mesmo do papai nascer, ele brincava naqueles gramados da foto! E o pôr do sol ajudou demais, as fotos ficaram lindas!!!!! mérito também pro fotógrafo e pra escritora! Parabéns!!!!
Daisy Moura disse:
Que cidade linda! Rica nos detalhes. Além de ser perto de Berlim,tem o passeio de trem até a cidade. Lojas, parques, castelos, um encanto!!