Uma ótima opção para quem está com viagem marcada para Berlim é um bate-volta até a charmosa cidade de Dresden, que fica localizada no leste da Alemanha, próxima à fronteira com a Tchéquia. Com apenas um dia é possível andar bastante pela cidade e conhecer as belezas de suas construções presentes na parte histórica e também próximas ao rio Elba, além de sua história marcada por tristes bombardeios na Segunda Guerra Mundial.
Pegamos o trem bem cedo na estação central de Berlim, a Hauptbahnhof, e de lá foram cerca de duas horas de viagem até a estação central de Dresden, incluindo uma troca de trem no meio do caminho. As rotas até a cidade podem ser diferentes, então a sugestão é o visitante comparecer ao centro de informações ao turista da Deutsche Bahn, localizado na Hauptbahnhof, e requisitar qual a melhor opção para uma viagem de bate-volta a Dresden.
A viagem é muito gostosa, pois os trens da Deutsche Bahn são confortáveis e silenciosos e as paisagens ao longo do caminho são de encher os olhos. Com tanta paz e sossego, a viagem passa bem depressa e logo é anunciada, nos letreiros do trem, a chegada à estação central de Dresden.
Como ainda nem tínhamos praticamente ouvido falar de Dresden, saímos da estação rumo à cidade sem sabermos o que nos esperaria. Mas, logo de cara, já vimos que a beleza, a organização e as belas construções góticas são inerentes às cidades alemãs. Como estávamos com fome, escolhemos uma das várias opções de restaurantes situados ainda no entorno da estação central para um lanche rápido. Assim que acabamos, ganhamos as ruas em busca do rio que corta a cidade, já que Tiago havia lido que alguns dos mais belos pontos estavam localizados no entorno dele. Sendo assim, olhamos em um mapa e fomos seguindo sem deixarmos de prestar atenção nos detalhes.
Pelo caminho, pudemos ver ruas charmosas, lojas, hotéis, comércios e um ritmo pacato inerente a uma cidade interiorana. Ao pararmos em uma livraria, notamos cartões postais e livros que mostravam o quanto Dresden havia sofrido com a Segunda Guerra Mundial. A cidade fora alvo de bombardeios dos aliados, mesmo não sendo estratégica para os nazistas. Com isso, muitos alemães que estavam fugindo da guerra foram mortos e construções importantes foram ao chão ou consumidas pelas chamas. Ao observarmos de perto os detalhes de alguns prédios, notamos muitas paredes queimadas e pedaços faltando, marcas da Segunda Guerra que foram mantidas como forma de não se deixar perder no tempo o que não pode ser esquecido. Assim como cicatrizes na pele que indicam marcas de uma vida, Dresden conserva em suas construções os ”ferimentos” de bombas que mancharam sua história. Esse lado obscuro, no entanto, contrasta com a alegria de um trio de músicos cantando e tocando músicas felizes para os turistas e moradores que transitam pelas ruas, pela simpatia de vendedores nas lojas e em tantos outros detalhes cativantes vistos pela cidade. É a vida seguindo seu curso, são moradores e a cidade em si dando a volta por cima a cada dia, em cada esquina, em cada gesto.
Ao chegarmos às margens do rio Elba, logo notamos que é por ali que as coisas acontecem mesmo, pelo menos as que mais interessam aos turistas, como nós. A paisagem já é deslumbrante formada pelo rio, as embarcações que parecem flutuar de forma leve em suas águas e prédios antigos compondo o plano de fundo, como uma moldura em perfeita harmonia com sua pintura. O clima nas redondezas é mais frio do que em outros pontos da cidade, isso pela corrente de ventos que circula livre por ali. O fato de termos viajado em Outubro também contribuiu para o clima mais frio. Mesmo assim é possível ver pessoas às margens do rio sentadas fazendo piquenique, lendo, conversando, praticando algum esporte ou passeando com seus cachorros. A impressão é de estarmos à beira da praia em algum país tropical. Mas, para atender a todos os gostos, Dresden oferece, ainda, nessa região, inúmeros cafés e restaurantes gostosíssimos para quem quer se aquecer depois de já ter pegado frio o suficiente pelas ruas. Nós optamos pelo Café Vis-á-vis, que mais parece um salão digno de cafés da tarde de uma realeza. Tapetes, cortinas em estilo romântico, cadeiras acolchoadas, lustres, pinturas decorando as paredes e belas louças compõem o cenário de contos de fadas. Os lanches, tortas doces e salgadas e bebidas, além de muito bonitos e bem apresentados, são saborosos. Vale a pena uma parada por lá antes de seguir passeio pelas redondezas do Rio Elba.
Pela região do rio é possível, ainda, deparar-se com parques, belas paisagens, prédios antigos que abrigam, por exemplo, a academia de música e museus. Esses mesmos prédios antigos contrastam com os modernos trens de rua amarelos, os chamados Trams, que circulam pela cidade. Para se ter outra perspectiva de Dresden, há os passeios nos barcos que sobem e descem o rio com turistas e suas câmeras, ávidos por novos ângulos e fotos diferenciadas. Também na parte antiga da cidade está um dos principais pontos turísticos, que é o maior painel feito de azulejos do mundo, com 101 metros de comprimento. É o chamado Fürstenzug, localizado na Augustusstrasse. Ele ocupa uma parede enorme e retrata figuras de reis, cientistas, soldados com seus cavalos segurando bandeiras e alguns civis os acompanhando. É incrível ver de perto essa obra impressionante que está 90% em seu estado original, uma vez que, felizmente, sofreu poucos danos nos bombardeios dos aliados.
Outro ponto turístico obrigatório é a igreja luterana Frauenkirche, principal da cidade, que foi bombardeada e reduzida a uma área bem menor do que ela costumava ocupar. Suas ruínas foram removidas sendo mantida apenas a parte que não sofreu danos. Um pedaço de sua parede que foi atingida, no entanto, foi conservada por ali também como lembrança dos dias sombrios da Segunda Guerra Mundial. Quebrada devido ao impacto e negra por causa das chamas, ela relembra a todos o poder de destruição que uma guerra pode ter. É impressionante ver de perto para poder ter apenas uma noção do que uma Guerra pode causar a uma cidade e a seu povo.
Uma vez em Dresden, os visitantes também não podem deixar de conhecer o Palácio Zwinger, um compexo famoso em todo o mundo que abriga fontes e museus de arquitetura barroca. Foi construído em 1709, no reinado de Augusto, o grande. Só o visual belíssimo já vale a visita, mas os turistas ainda podem conferir, entre outras coisas, um acervo de porcelanas, que é uma das mais completas coleções do mundo e um um arsenal com uma coleção riquíssima de trajes e armas cerimoniais, além de um enorme jardim para os turistas passearem e descansarem à vontade. É importante lembrar que fotos não são permitidas no interior dos museus.
Já à noite, um trem saído da estação central de Dresden segue de volta a Berlim após um dia de passeios muito agradável em uma cidade que foi arrasada na guerra, mas que se reinventou e se redescobriu como uma das mais charmosas cidades alemãs. Não deixe de programar uma visita a essa joia tão próxima de Berlim.
Fotos: Tiago Morais (Instagram /Flickr)
Daisy Moura disse:
Òtimas dicas sobre como ir à Dresden saindo de Berlim . A cidade parece ser mto bonita e aconchegante com seus cafés espalhados pelas calçadas e sua história registrada pelas ruas.