Primeiramente, queria dizer da tristeza que eu fico ao entrar aqui no blog e ver o tempo que não escrevo nada por aqui. Estou em uma fase que escrever os textos que tanto adoro virou um luxo para mim. Mas tem horas que as prioridades realmente mudam, mas sempre que puder virei aqui postar alguma coisa, ainda mais que estou com uns planos de viagens para esse ano 😉
 Nos meus momentos rápidos de relaxar, gosto de ler livros, e acabo de ler um que gostaria de dividir aqui com vocês. O livro tem como título A Ira de Deus, e retrata o terremoto que devastou Lisboa no ano de 1755. Tem gente que nem sabe que houve esse terremoto. Sim, houve e na época muitos apostaram que Lisboa desapareceria do mapa, tamanhos os estragos.
 Só quem conhece Lisboa sabe como é doloroso imaginar toda aquela cidade fofa e acolhedora reduzida aos escombros, e é esse sentimento que me acompanhou durante toda a leitura. Foi um surpresa para todos os moradores da época, e Lisboa, nesse contexto, era uma cidade poderosa, no auge da sua exploração sobre o Brasil, sua colônia , recebendo, portanto, navios e mais navios de ouro, pedras preciosas, cana-de-açúcar e outras iguarias vindas de uma terra tão próspera. Muitas obras grandiosas foram feitas, na época, a mando do Rei Dom José I, que as ornamentava com muito ouro vindo do Brasil. Infelizmente todos esses monumentos, inclusive uma casa de Ópera, revolucionária para a época, vieram abaixo com os tremores. Infelizmente porque com certeza seriam mais pontos imperdíveis para se visitar na capital portuguesa. Lisboa era a principal cidade da Europa, e após tudo desabar, ela teve que recomeçar do zero.
 Era dia 1 de Novembro de 1755, dia de Todos os Santos. As igrejas estavam repletas de fiéis que rezavam missas, quando um forte tremor de terra balançou a cidade. Casas, castelos, óperas, conventos e as próprias igrejas vieram abaixo, soterrando e esmagando quem estivesse embaixo. A maior parte da população que morreu durante o terremoto, inclusive, foi aquela que estava no interior das igrejas rezando, quando os tetos desabaram sobre suas cabeças. Quem sobreviveu, tratou de buscar refúgio na beira do Rio Tejo, onde o terreno era mais livre de construções. Porém, essa ideia também não foi muito boa, uma vez que, não demorou muito, um maremoto de grandes proporções se formou nas águas do Tejo, inundando toda a cidade baixa, afogando mais uma boa parte daqueles que por ali estavam. Quem ainda sobreviveu, teve que enfrentar o fogo que consumiu os destroços. Acreditam-se que as altas labaredas se formaram através de velas que estavam acesas nas casas, igrejas e conventos, antes do terremoto começar.
 Relatos de sobreviventes nos dão uma dimensão do desespero que foi a situação, chegando essas pessoas a dizer que tinha sorte quem já estava morto. Lisboa deixou de ser uma cidade de luxo e se tornou um monte de escombros, água que a invadiu, fogo e corpos espalhados por todos os lados. Um morador da cidade que estava próximo ao Castelo de São Jorge, na parte alta da cidade, quando tudo aconteceu, escreveu em seu diário a cena que presenciou quando viu o rio Tejo recuando 5 quilômetros, para voltar em forma de uma onda gigante que engoliu a parte baixa da cidade. Tudo estava destruído, os sobreviventes não tinham mais referência de nada.
 Todos já ouviram falar do Marquês de Pombal, certo? Há inclusive, na cidade, uma estátua grande dele, localizada em uma praça que leva seu nome, no alto da cidade. Foi ele quem lutou para que Lisboa se recuperasse da forma mais rápida possível de todo aquele desastre. Sua forma de governo foi bastante autoritária, tendo ele sido até exilado depois de um tempo, mas foi isso que trouxe Lisboa de volta da catástrofe. Uma nova Praça do Comércio foi feita, e um enorme Arco do Triunfo foi erguido na entrada da Rua Augusta. Ele deu um jeito de valorizar os produtos brasileiros que começaram a entrar novamente em grande quantidade em Portugal, movimentando a economia que chegou a se estagnar após o desastre, e isso fez com que investidores europeus voltassem a acreditar em abertura de comércios pela cidade.
Arco do Triunfo na entrada da Rua Augusta. (Foto: Tiago Morais)
 Com o passar do tempo, Lisboa voltou a sentir novos tremores, porém nenhum chegou à proporção daquele do ano de 1755. A cidade, depois que Marquês de Pombal tomou a frente, voltou a prosperar, crescendo com o passar dos anos, e hoje nem consegue nos dar a dimensão daquilo que ocorreu há tanto tempo. Do Castelo de São Jorge só restou a estrutura, e mesmo assim sem o teto, e há ainda um convento também no alto da cidade, destruído, ambos servindo de lembrança de um terremoto que quase retirou Lisboa do mapa, e que ainda assim encantam turistas de todo o mundo que visitam a cidade.
Praça Marquês de Pombal (foto: Tiago Morais)
Castelo de São Jorge, sem seu teto. (Foto: Tiago Morais)

 

Castelo de São Jorge (Foto: Tiago Morais)
 Depois da leitura desse livro tenho ainda mais vontade de retornar a Lisboa. Quero rever tudo o que foi citado no livro “A Ira de Deus”, dessa vez com os pensamentos e o olhar de algo que já foi destruído pela ira da Natureza. A leitura é um pouco mais difícil, já que se trata de um livro escrito, em sua maioria, com relatos da época, porém considero indispensável para quem pretende visitar a charmosa capital portuguesa.
Capa do livro A Ira de Deus
 #FicaaDica 😉
Vista do Rio Tejo (Foto: Tiago Morais)

Um comentário em “Uma Lisboa que se Reergueu das Cinzas

  1. Quem vai a Lisboa nem imagina que ela foi reconstruída. Visitar essa linda cidade depois de saber de sua história fica mto mais rica a viagem a esse lindo país. Mto boa essa abordagem sobre esse triste acontecimento.

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