De repente, me senti em Ouro Preto ou em Diamantina. Meu coração deu aquela leve flutuada e meu cérebro, mesmo sendo lógico demais, também deu uma vacilada, procurando nos meus registros, lá nos baús de lembranças, aqueles dias subindo e descendo ladeiras nas famosas (e lindas) cidades mineiras tanto históricas quanto estudantis. E aí veio a diferença que me trouxe de volta para onde eu estava: as ladeiras. Ou a falta delas. Poznań, na Polônia, uma também linda cidade, sendo ela praticamente plana, apesar de histórica e também frequentada por estudantes universitários. Eu estava tão distante de Minas Gerais, mas achei ali, em uma cidade não muito conhecida, aquele charme que faz com que nos percamos por ruazinhas, casarões e pela história. E assim me perdi. Me encantei. De deleitei. Descobri, naquela cidade sofrida, que já havia enfrentado bombardeios e dias empoeirados e obscuros de destruições provocadas por uma guerra cruel, que estudantes também se reuniam em sacadas apertadas em festas que não tinham hora para acabar. Descobri que becos ganhavam burburinhos vindos de restaurantes à luz de velas. Descobri que muitas esquinas dobravam-se em ruelas que desembocavam no centrinho histórico. Naquele mesmo, onde havia uma feirinha, uma prefeitura, janelas com cortinas, pubs e uma torre onde, diariamente, soa um relógio. O mesmo relógio que soa e que nos chama de volta à realidade, que nos acorda da fantasia de se caminhar por ruas de pedras, por entre casas coloridas, por através de sons que, seja qual for o idioma, entram pelos ouvidos e chegam ao coração em forma de abraço. Um abraço simbólico e caloroso que nos faz ter a certeza de que, inesperadamente, em alguma esquina ou cidade qualquer, aquilo que foi bom e que marcou sempre dará um jeito de voltar de novo para você, mesmo que em outros endereços, em outras épocas, em outras histórias…

Gratidão, Poznań!