Crônicas

Crônica sobre Copenhague

13 de novembro 2018

 

Cheguei em Copenhague da mesma forma que costumo chegar em cada lugar que visito. Procurando. Nunca sei dizer exatamente o quê, mas meu olhar ansioso segue sempre buscando em cada detalhe o que, de repente, pode fazer meu coração pulsar um pouco mais forte. E aí, em um fim de tarde em Copenhague, eu encontrei. A luz dourada do pôr-do-sol mostrava um caminho que trouxe não um coração mais acelerado, pelo contrário. Na verdade, ele se aquietou. Acredito que tenha entrado em consonância com toda a informação que ele recebia através dos olhos. Paz. Foi o que senti, foi o que meu coração bombeou para todo o corpo quando conheceu Nyhavn.

Nyhavn não é só um lugar, é também um refúgio para tudo o que esteja acontecendo na sua vida naquele momento. De repente você se pega reparando em cada detalhe das lindas casinhas coloridas, distrai-se com o som de uma gaivota ou nota como ela passou voando tão próxima a você. E aí você se encanta com um casal sentado à beira do canal com as pernas para baixo balançando enquanto trocam olhares, diverte-se com um grupo de amigos bebendo e rindo e logo começa a ler os nomes dos barcos que estão ali atracados. Os músicos tocam canções que soam como molduras para um quadro já pronto, bem pintado e carregado de significados. Detalhes. Os tais detalhes que fazem um lugar, detalhes que ficam, detalhes que possuem sons, cheiros, imagens e um pacote de sentidos que acompanham para sempre tanto quanto souvenirs.

Eu queria levar um pouco daquilo comigo para sempre. Um fim de tarde despretensioso que me pegou de surpresa e que me fez ver que era ali mesmo o lugar de Copenhague que procurava. Era ali, onde meu coração se aquietou, que eu decidi que era hora de me sentar um pouco, fechar os olhos e deixar cada som mexer com minha imaginação e se entranhar em minha memória que, como uma esponja, absorveria tudo aquilo para eu ter para sempre comigo. Pode ter durado alguns minutos ou horas, não importa. O importante mesmo é que levantei dali recarregada e preenchida. De boas energias, dos mais variados sentimentos, de gratidão, de boas memórias.

E assim, funcionou. Sigo com doces memórias que vêm e vão. Assim como as águas do cais de Nyhavn, assim como o vôo das gaivotas, assim como foram, naquele dia, as batidas do meu coração.

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