Sabe aquela lista de coisas que você tem para fazer pela vida afora? Uma das minhas é uma lista de castelos que ainda quero conhecer. Sou uma espécie de caçadora de castelos, vejo livros, sites, revistas, procuro saber sempre onde tem um que eu possa encontrar para que meus pensamentos e imaginação possam se perder. E como minha imaginação de fato se perde, ganha asas, voa ao encontro de uma época em que eles serviam para tantas outras coisas que não fossem apenas para causas suspiros. E essa é a maior graça quando estou andando por algum deles, olhar para cada cantinho e imaginar quem viveu ali, o que fazia, as roupas que usava, o que sentia.
E aí chegou a vez do Frederiksborg, um dos castelos bem ao estilo conto de fadas que já habitava minha lista há algum tempo e que surgiu na minha frente quando virei uma esquina qualquer de uma pequena cidade que nunca imaginava conhecer. Foi amor à primeira vista. Ali estava ele, sendo a atração principal de uma paisagem que mais parecia uma pintura. Um quadro que eu passaria horas admirando e que eu compraria só para levar um pouco daquela magia para meus dias. Pois bem, melhor do que um quadro, era a paisagem viva, e eu estava inclusa nela. Só o que pude fazer foi me sentar à beira de um lago cheio de patos e deixar que todos os meus sentidos absorvessem aquele mar de informações que há algum tempo eu não presenciava e que faziam com que doses de vida circulassem com mais intensidade pelas minhas veias.
Quando eu achava que não tinha como melhorar, mergulhei nos corredores de um castelo que mantinha todos os detalhes da vida de uma realeza, como se os moradores ainda fossem chegar para o jantar em suas carruagens e cavalos. Tudo estava no seu lugar como se o tempo nunca tivesse passado: louças, pratarias, cortinas, sofás, lustres, velas, tapetes, papéis de parede, quadros, flores, janelas que exibiam jardins a perder de vista. Imersa e me afogando nesse mar de detalhes, vi com meus próprios olhos uma princesa caminhando calmamente pelas salas ricas em pedrarias e tapeçarias. Tranquila, abanando seu leque, ela seguia com ares de que pensava nas poesias que lia, no cheiro das flores, nos bailes que aconteciam nos salões principais, no seu futuro casamento arranjado em troca de boas alianças. Todos a olhavam admirados mas ela seguia, como se a víssemos através de um portal do tempo, como se séculos nos separassem.
Mas sim, era tudo real. Voltei mesmo à época em que as pessoas moravam em castelos, perdiam-se por tantos quartos e corredores, liam poesias, passeavam pelos jardins enquanto observavam flores e cisnes, iam a missas, usavam anáguas ou armaduras e planejavam confrontos com outros reinos. Voltei no tempo e dessa vez não só através da imaginação. Pessoalmente estive em outras épocas, e tudo o que tive que fazer foi pegar um trem rumo a um dos castelos da minha lista de contos de fadas que se blindou contra o futuro que já havia chegado fora de suas muralhas.